Foto: Reprodução
A mãe de Isabelly Carvalho Brezzolin, Elisa Carvalho, 36 anos, falou pela primeira vez publicamente desde a morte da filha e a prisão dela e do companheiro, José Lindomar Nunes Brezzolin, 55 anos, em São Gabriel. Em entrevista divulgada nesta quinta-feira (13), pelos advogados Rebeca Canabarro de Matos e Andrei Nobre, que representam a defesa de Elisa, ela relatou a dor de ter perdido a filha e denunciou o que considera uma “perseguição midiática e social” que a transformou, injustamente, em suspeita pela morte da criança.
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A manifestação ocorre no mesmo dia em que a defesa de Elisa divulgou uma nota oficial sobre a nova prisão de Lindomar, determinada pelo Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul (TJRS) após recurso do Ministério Público.
Segundo os advogados, o pedido de prisão teria o objetivo de “proteger Elisa” e garantir a instrução processual. No entanto, a defesa considera a decisão “equivocada, cruel e contraproducente”.
“A medida afasta ainda mais um casal que compartilha a mesma dor e que sempre enfrentou, lado a lado, a injustiça e a perseguição pública”, afirma o documento.
Os advogados relembram que Elisa e José foram presos sob acusações infundadas de assassinato e violência contra a própria filha. Acusações que, segundo eles, “se sustentaram apenas em boatos e especulações”. As provas periciais, conforme a defesa, nunca confirmaram tais alegações, motivo pelo qual o casal foi libertado em maio de 2025.
A nota ainda questiona o sentido da decisão judicial:
“Que justiça é essa que impede uma mãe e um pai de velarem a própria filha? Que justiça é essa que desagrega uma família sob a falsa premissa de proteção, quando ambos permanecem juntos desde a soltura, sem qualquer registro de conflito ou ameaça?”, diz o texto.
“Eu sei que sou inocente”, diz Elisa
Em seu relato, visivelmente emocionada, Elisa descreveu os momentos de dor que vive desde a perda de Isabelly e a repercussão do caso. Ela afirma que não pôde sequer se despedir da filha, pois estava presa no momento do velório.
- Eu não tive o direito. Ninguém me deixou. Ninguém me levou no velório da minha filha - contou, entre lágrimas.
A mãe refuta as acusações de homicídio e maus-tratos:
- A Isabelly era minha amiga, minha companheira. Ninguém fez isso, ninguém fez nada. Eu e meu esposo somos inocentes. Eu fiz o que qualquer mãe faria: dei um remédio. Ela nunca se queixou de dor. Eu sei que sou inocente - disse.
Elisa também falou sobre o impacto psicológico que vem sofrendo desde que o caso se tornou público:
- As pessoas me julgam na rua, achando que eu sou uma criminosa. Eu choro em casa, no meu cantinho, sozinha. Eu perdi a minha filha, ninguém quer perder um filho. A vida pra mim acabou. Eu já tentei me matar pra poder estar com ela - revelou.
Segundo ela, a repercussão nas redes sociais e o julgamento público se tornaram um fardo insuportável:
- As pessoas ficam me ameaçando na rua. Falam um monte de bobagem sem saber o que aconteceu. Se fosse por mim, eu já não estava mais viva, eu já ia com ela. Eu já tentei morrer pra poder morar junto com minha filha - diz.
“Tiraram minha filha e agora tiraram ele também”
Durante a entrevista, Elisa também comentou a nova prisão do companheiro, José Lindomar, e lamentou o afastamento.
- O José é um bom companheiro, um bom pai, um bom marido. Não tenho o que me queixar. Ele sempre esteve comigo. Já me tiraram a minha filha, agora me tiraram ele. Fiquei sozinha, só eu e Deus - diz.
Ela reforçou que o marido nunca representou qualquer risco para ela, contrariando o argumento usado para justificar a prisão:
- Ele não me traz risco nenhum. Eu quero dizer pra justiça que nós somos inocentes. Eu pedi à juíza que solte meu marido, porque ele é inocente. Nós dois somos inocentes e vamos provar isso juntos - conclui.
Defesa critica “justiça seletiva e midiática”
Os advogados afirmam que Elisa foi “subjugada pela sociedade” e exposta de forma injusta, inclusive por declarações públicas feitas por autoridades.
"Elisa foi acusada de ter assassinado e violentado a própria filha, acusações sustentadas apenas em boatos e especulações, veiculados de forma midiática pelo próprio delegado de polícia”, diz o comunicado.
A defesa acrescenta que a perícia comprovou que Isabelly morreu em decorrência de uma bactéria, o que reforça a versão de Elisa de que não houve crime.
- O caso Isabelly marca novamente que o processo penal, na maioria das vezes, serve apenas para torturar seus alvos - afirmam os advogados.
Nota oficial completa dos advogados
Caso menina Isabelly Brezzolin
A defesa de Elisa, mãe de Isabelly Brezzolin, representada pelos advogados Rebeca Canabarro (OAB/RS 134.374) e Andrei Nobre (OAB/RS 138.830), vem publicamente manifestar-se acerca da recente prisão de José Lindomar, companheiro de Elisa.
“Zé”, como é conhecido em São Gabriel, foi novamente preso nesta semana por determinação do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul, após recurso interposto pelo Ministério Público, inconformado com a decisão que anteriormente havia concedido sua liberdade provisória.
A decisão judicial justifica-se sob o argumento de que a medida serviria para “proteger Elisa” de eventual coação, garantindo a instrução processual e a aplicação da lei penal.
No entanto, tal entendimento, além de equivocado, revela-se cruel e contraproducente, pois afasta ainda mais um casal que compartilha a mesma dor e que sempre enfrentou, lado a lado, a injustiça e a perseguição pública.
Elisa e José foram presos sob acusações infundadas de terem assassinado e violentado a própria filha, acusações sustentadas apenas em boatos e especulações. As provas periciais, por sua vez, jamais corroboraram tais narrativas, motivo pelo qual ambos obtiveram liberdade em maio de 2025.
Não foge ao conhecimento da defesa os depoimentos prestados por Elisa na delegacia, todavia, trata-se de declarações realizadas em meio à dor profunda e a conflitos emocionais inerentes à perda da filha, circunstâncias que serão devidamente esclarecidas no momento processual oportuno.
Desde então, o casal tem sobrevivido em meio ao caos deixado por uma acusação injusta, enfrentando o preconceito social, a dificuldade financeira e o peso insuportável da perda de Isabelly. E, agora, mais uma vez, são separados sob o argumento de uma “proteção” que, na prática, apenas amplia o sofrimento de Elisa.
Que justiça é essa que impede uma mãe e um pai de velarem a própria filha? Que justiça é essa que desagrega uma família sob a falsa premissa de proteção, quando ambos permanecem juntos desde a soltura, sem qualquer registro de conflito ou ameaça?
Seguiremos firmes, com a mesma coragem de quem enfrenta a injustiça todos os dias, lutando pela absolvição e pela plena comprovação da inocência de Elisa.